Mitos e verdades sobre a fertilização in vitro

Postado em: 21/04/2025

A Fertilização in Vitro (FIV) é um dos tratamentos mais avançados da reprodução assistida, permitindo que muitas pessoas realizem o sonho de ter filhos.

Mitos e Verdades Sobre a Fertilização In Vitro


No entanto, ao longo dos anos, surgiram diversos mitos e informações equivocadas sobre o procedimento, o que pode gerar dúvidas e insegurança em quem considera essa opção.

Será que a FIV sempre resulta em gêmeos? O tratamento é acessível para todas as mulheres? A idade realmente influencia nas chances de sucesso?

Para esclarecer o que é mito e o que é verdade, reuni as principais dúvidas sobre a fertilização in vitro, com explicações baseadas na ciência e na prática médica. Vamos conferir?

1. A FIV aumenta as chances de gravidez múltipla?

NEM SEMPRE! Essa possibilidade está relacionada principalmente ao número de embriões transferidos para o útero. Quando transferimos apenas um embrião, a chance de gravidez gemelar é semelhante à da gestação natural — variando entre 0,5% e 1%. Já na transferência de dois embriões, essa probabilidade pode chegar a 21% a 39%.

Embora a gestação de gêmeos seja o desejo de alguns casais, do ponto de vista médico ela é considerada uma gravidez de risco. Aumentam-se as chances de parto prematuro, além da maior incidência de complicações maternas, como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.

Por isso, seguimos as recomendações do Conselho Federal de Medicina (CFM), que estabelece limites para a quantidade de embriões transferidos com base na idade da mulher e nas características genéticas dos embriões:

  • Mulheres com até 37 anos: até dois embriões podem ser transferidos;
  • Mulheres acima de 37 anos: até três embriões;
  • Quando utilizados embriões euploides (geneticamente normais): até dois embriões, independentemente da idade.

2. Mulheres acima de 40 anos podem fazer fertilização in vitro com sucesso?

VERDADE! A idade é um fator importante, pois a quantidade e qualidade dos óvulos diminuem com o tempo, o que impacta nas taxas de sucesso da gestação espontânea. No entanto, mesmo após os 40 anos, a FIV continua sendo mais eficaz do que a tentativa natural.

Nesses casos, além da idade, avaliamos níveis hormonais e a reserva ovariana para definir se é possível realizar o tratamento com óvulos próprios ou se será necessário o uso de óvulos doados. O uso de óvulos de uma doadora mais jovem pode aumentar as chances de sucesso.

3. Qualquer pessoa pode fazer FIV?

MITO! Nem todas as pacientes são candidatas imediatas à fertilização in vitro. A indicação correta deve ser feita por um especialista após uma avaliação individualizada.

Em geral, a FIV é recomendada em situações como:

  • Mulheres com até 35 anos que tentam engravidar há mais de um ano sem sucesso;
  • Mulheres com mais de 35 anos tentando há seis meses ou mais;
  • Casos em que outros tratamentos, como coito programado ou inseminação intrauterina, não obtiveram resultado;
  • Situações específicas como fator masculino grave, endometriose, baixa reserva ovariana ou quando há necessidade de diagnóstico genético embrionário.

Cada caso é único, e o melhor caminho deve ser definido com base em evidências médicas e no seu contexto de vida.

4. A fertilização in vitro (FIV) é uma garantia de gestação?

MITO! Embora a FIV aumente de forma significativa as chances de gravidez, ela não garante a gestação. O sucesso do tratamento depende de diversos fatores, especialmente genéticos e biológicos.

Em mulheres com até 35 anos, as taxas de sucesso por tentativa podem chegar a 60%. Contudo, à medida que a idade avança, essas taxas diminuem gradualmente.

A qualidade dos óvulos e dos espermatozoides, o estado do endométrio e outros fatores do organismo influenciam diretamente no resultado.

É importante lembrar: uma tentativa sem sucesso não significa o fim das possibilidades. Muitas vezes, são necessárias duas ou mais tentativas para que a gestação ocorra. Isso faz parte do processo e deve ser encarado com resiliência e acompanhamento especializado.

5. É possível escolher o sexo do bebê na FIV?

MITO! Essa é uma das dúvidas mais comuns sobre a fertilização in vitro. No Brasil, o CFM proíbe a escolha do sexo do bebê nos tratamentos de reprodução assistida quando não há justificativa médica.

A única exceção ocorre em casos de doenças genéticas ligadas ao sexo, como distrofias musculares ou hemofilias. Nessas situações, a triagem genética pode permitir a seleção de embriões com menor risco para a condição hereditária, dentro dos princípios éticos e legais.

Fora essas circunstâncias, a escolha do sexo por preferência pessoal ou familiar não é permitida no país.

6. A FIV é indicada apenas para casos de infertilidade?

MITO! Embora a infertilidade seja a indicação mais comum, a FIV é uma solução eficaz para outras situações, incluindo:

  • Casais homoafetivos que desejam ter filhos;
  • Mulheres solteiras que optam pela produção independente;
  • Pacientes oncológicos que precisam preservar a fertilidade antes de tratamentos como quimioterapia;
  • Casais com histórico de doenças genéticas, que necessitam de triagem embrionária;
  • Situações de ausência ou baixa qualidade dos gametas, exigindo óvulos ou espermatozoides doados.

No caso de casais homoafetivos masculinos, o tratamento requer a participação de uma doadora de óvulos e de uma mulher que aceite realizar a gestação (útero de substituição), sempre com autorização ética e legal.

Tire suas dúvidas e tome decisões com segurança

Se você está considerando a fertilização in vitro e tem dúvidas sobre o procedimento ou suas chances de sucesso, posso te orientar com clareza e responsabilidade.

Será um prazer te acompanhar, respeitando sua história e oferecendo um tratamento baseado na ciência e na ética médica. Agende uma consulta e vamos conversar.

Dr. Thiago Nóbrega Cardoso
Ginecologia e Obstetrícia
CRM-SP: 212384
RQE: 115885 

Leia também:


O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.